terça-feira, 8 de agosto de 2017

Silêncio

Sozinho, no fundo do meu próprio poço, me pergunto o quanto dura este momento.

De um dia para o outro percebi-me, finalmente, inútil - fútil. Desde que toquei-lhe não penso em mais nada, senão porque.

Porque desarranjar o arranjo? Coitado. Tão breve, fugiu tão cedo.
Coitado é de mim.
Não vejo minha condição como a de um apaixonado, mas como a de um abandonado que, oco, percebeu-se.

Em outros tempos não haveria sofrimento. Não saberia dizer do que precisara, nem se minha própria vida disso dependesse. Sei, hoje, que, por hora, não me basto.

Triste é o meu silêncio que não afaga a quietude que me descompleta.

Não quero nada de ti, não vejo nada em ti. Mas preciso. Preciso daquilo que sozinho não tenho. Então sinto falta de ti.

Porque não me basto?

Desta pequena tragédia só concluo que não há saída, se não esperar. 
Não há saída, hoje, senão o silêncio.

Porque eu?
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Audição recomendada:
Mahler - Sinfonia #5 "Adagietto"