sábado, 23 de janeiro de 2010

Vestígios de (mais) uma noite em claro...

Parte 1 - Nostalgia


      Não tinha nada palpável àquela hora. Não tinha uma foto impressa, uma foto tirada em camera "normal" estava tudo no computador, celular ou num cartão de memória qualquer. Mesmo assim, ele não parava de ver o abstrato em sua mente... Em sua companhia seu fiel mp4 com mais de 600 músicas, mas só eram audíveis àquele momento umas cinco: aquelas que traziam lembranças.
      O que ele ouvia, pra onde ele olhava, a maneira com que sua mão apertava desesperadamente a coberta de sua cama, tudo lhe lembrava algo, tudo lhe trazia aquele sentimento tão clichê, tão comentado, tão mal entendido e, ainda sim, tão subestimado.
      As cores entravam em seus olhos com uma saturação engraçada, com um contraste bonito. Cala frios pelo estômago, coração apertado, é: nostalgia. Bons momentos, boas risadas vinham à sua mente.
      Um sorriso orgulhoso, um olhar distante.
      Mãos ao rosto: esfregou os olhos como se nada fosse nítido, como se tudo estivesse fora de foco e longe demais. Respirou fundo. Respirou de novo.
Foi à um lugar: um bom lugar. Era noite. Não, era de tarde. Tinha uma brisa la, tinha um rosto lá. Tinha um olhar lá. Tinha um sentimento subestimado lá. Tinha alguém que ele jamais imaginaria que o faria perder uma (várias) noite(s). Tinham outras pessoas também, mas estavam em preto e branco; estavam longe, mas se faziam presentes. Seu olhar indeciso focava, ora no vermelho tímido daqueles lábios, ora na maquiagem cuidadosamente feita ao redor do olho. Um sorriso e outro, e outro, e outro e mais um! Alegria!
      Olhou para o céu. Era madrugada, mas o sol se punha como se fosse o anoitecer: o crepúsculo o fazia se sentir bem. Contudo, o relógio era cruel, não dava espaço à imaginação: eram 04:30.
      Fechou os olhos e inspirou, viu mais uma vez uma rua, uma janela, uma vida. Sentiu-se preso, sentiu-se solto. Livre! Liberdade que queria ao seu lado sempre! Liberdade que só o fizeram sentir uma vez.
      Sua realidade sem gama, sua vida sem brilho, seu presente intensamente contrastado: tudo contribuia àquele momento. Tudo lhe fazia completo ao sentir e incompleto ao lembrar. Tudo entrava num maldito contraste, numa alegria depressiva, num tormento sem fim, num orgulho imbecil; na impressão de um presente vago.
      Mas o passado lhe parecia tão brilhante... o que aconteceu com a simplicidade do passado?
      Viu, novamente, os lábios vermelho-tímido, os olhos profundos e cuidadosamente bem cuidados. A timidez incomum: sentiu-se alegre novamente.

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Recomendo as músicas abaixo, mas se (alguem) quiser saber mais, ou ouvir mais, procure/baixe "A Real Diamond In The Rough" e "Eletric Tears". Ambos são albuns instrumentais, quase ambientes, tocados pelo mestre Buckethead.

"Dawn Appears - Bucethead" - Masterpiece


"Angel Monster - Buckethead" Masterpiece

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Janela

O amarelo morno daquela madrugada enchia-lhe os olhos como nunca fizera antes. Momentos, perguntas, atitudes, olhares. Tudo confundia-lhe a visão àquela altura. Seu corpo estava sedado, apenas uma conversa batia em sua cabeça: uma conversa de palavras normais, mas de natureza intensa. Uma conversa de olhares feitos e ansiedade (mal) controlada.
Fechou os olhos. Sentiu aquela noite ser refletida em seu rosto. Camuflou-se meio a um tormendo de pensamentos forjados na antítese inconclusiva de sua mente.
-...Posso te fazer uma pergunta? - suas mãos dançavam aleatoriamente mediante seus olhos.
-Pode...
-Você ainda... gosta dela?
A resposta não poderia ser mais verdadeira: "não."
O que aconteceu a seguir encantou sua mente pequena pelo resto da madrugada.
"Será...?" era tudo que ele tinha na mente e aquilo parecia algo irritavelmente irrelevante, pertubadoramente irreal, insuportavelmente repetitivo e pior, parecia ser algo realmente complexo.
Palavras, olhares, lembranças, colocações, movimentos, risos, alegria, tristeza, intensidade. Tudo assoitava-lhe aquela hora. Ele parecia feliz, contudo. Ele esperava algo bom aconter, de verdade. Mas ele sabia que ao abrir os olhos na manhã seguinte suas esperanças se mostrariam, novamente, infundadas...
Prendeu-se então àquele momento apenas, sozinho. Os seus braços debruçados no para-peito daquela janela transpareciam preocupação e ansiedade pelo o que estava por vir; aquela janela, mostrava-o como ele era, nem mais e nem menos: olhar perdido, sentidos distantes, coração na mão e com uma pessimista esperança dizendo-o que algo bom iria acontecer.
Pediu então, para que o perdoassem por seu portugues, por sua ortografia e  pela organização da sua mente.

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"Mean Mistreater - Grand Funk Railroad" - masterpiece

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Sono.

Olho para o teto, bocejo.
Viro para o lado, o sol já começa a aquecer meu rosto levemente.
Olho para o teto de novo. Bocejo.
Os olhos pesam.
Viro para o outro lado.
Os olhos se fecham um pouco mais... e mais... e mais... até que cedo completamente aos caprichos daquela manhã.
Uma imagem!
Perturbadora, constante, irritante, depressiva, realista.
Tornei a olhar para o teto.
Fechei os olhos e bocejei de novo, tive um pesadelo;
desesperei-me, contudo, ao perceber que não era pesadelo, era a realidade
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"Erik Satie - Trois Gymnopédies" - Masterpiece